Velhos tempos, belos dias

Apesar de ser descendente de uma família tradicional do esporte tresmaiense, especialmente vinculada ao Botafogo E.C., não tive a oportunidade de, em campo, defender as cores preto e branco, especialmente pelo fato de ter saído muito cedo de casa – aos 16 anos - com o intuito de fazer um curso superior em Santa Maria.
No entanto, isso não me impediu de, em companhia de meu pai, Sr. Valentim Cassol (in memorium), comparecer por inúmeras vezes ao gramado do Municipal e de tantos outros estádios por onde o alvinegro teve a oportunidade de desfilar suas glórias. Especialmente no Municipal era tradição estacionar o carro atrás da goleira da entrada e de lá ficar clamando por “mais um gol, mais um mais um”, afinal de contas “futebol é bola em rede, tudo o mais é só zum-zum”.
Foram tardes memoráveis, era o programa de domingo de um garoto criado no interior, até porque, entre os atletas botafoguenses, existiam irmãos, primos, enfim, quem não era parente, era amigo. Assim se constituiu a história deste clube vencedor, uma grande família, com espírito solidário, com garra inabalável, com técnica refinada quando isso era possível.
Como torcedor, tem dois jogos que particularmente ainda estão encravados na memória, apesar de já ter se passado mais de duas décadas. Foram jogos com a Associação Horizontina em que o Helio – meu irmão e padrinho -, teve a proeza de fazer seis gols. Tem um, de falta no bico da área, que foi uma obra prima pelo pouco ângulo que ele dispunha e pela qualidade com que tocou na bola.
Em 1980, aos 11 anos, tive a felicidade de acompanhar o jogo decisivo em Marau que consagrou o Botafogo como Tricampeão Estadual de Futebol Amador. Infelizmente, em 1985, Ivoti ficou pra trás, pois na mesma data da decisão, estava eu a prestar vestibular na UFSM. Mas nossos heróis não decepcionaram e de lá voltaram com mais uma faixa no peito e uma taça no armário.
Cinquenta anos de glórias, hoje são outros tempos, não é nada fácil fazer futebol, quer seja amador ou profissional. Mas que a saudade é grande daqueles tempos, ah! isso é algo inquestionável. Parabéns a todos os esportistas tres-maienses, incluindo o rival Oriental, afinal de contas o que seria do preto se não existisse o verde? Parabéns a todos os dirigentes, atletas e torcedores que construíram uma linda história. Parabéns aos construtores deste site, grande iniciativa, que, com o perdão do trocadilho, a chama do Botafogo nunca se apague, mas que volte a brilhar para alegria de todos aqueles que tem no futebol uma grande paixão.

Abraços a todos. Que as águas de março tragam ainda mais luz a brilhar na festa maravilhosa que começará no dia 18.

Luís César Cassol – Pato Branco, PR

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